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Poli-USP e IPEN/CNEN realizam cerimônia para celebrar acordo de cooperação que permitiu criação de novo curso de engenharia nuclear

Aprovado pelo Conselho Universitário em junho, novo curso já nasce com a chancela de "excelência". Cerimônia que marcou a assinatura do Acordo de Cooperação foi realizada nesta segunda-feira (28/9).

 

Montagem tela poli usp ipen cnen

Principais atores do Acordo de Cooperação

IPEN/CNEN-POLI/USP   

Foto-montagem da captação de tela

 

A formação de profissionais altamente qualificados para atuar na área nuclear é a grande aposta para a nova graduação em Engenharia Nuclear oferecida pela Escola Politécnica da USP (Poli-USP), a partir de 2021, em parceria com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) por meio de sua unidade técnico-científica, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). Nesta segunda-feira (28/9), em reunião on-line, foi formalizado o Acordo de Cooperação CNEN/USP, com a participação de autoridades, pesquisadores, professores e parceiros.

Por sua atuação decisiva para a retomada do projeto de criação do curso, em 2019, Madison Almeida, titular da Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento da CNEN, conduziu a cerimônia, destacando a grande representação de Autarquia, da USP e de vários atores do Programa Nuclear Brasileiro celebrando a assinatura do Acordo.

Cumprimentando a todos, a diretora da Poli-USP, Liédi Bariani Bernucci, primeira a se pronunciar, afirmou que o momento representa a concretização de um "sonho da Escola Politécnica” e que o Acordo é "muito importante para o futuro do país, do ensino, e para a engenharia como um todo”.

Bernucci fez um agradecimento a todos os participantes, em especial a Almeida, cuja iniciativa de buscar interlocução com a Poli-USP foi fundamental. "Começamos ali um diálogo muito frutífero, para que pudéssemos resgatar um trabalho que já havia sido feito, no passado, sob a coordenação do professor Oscar Augusto e depois com a participação do professor José Castilho Piqueira na concepção do curso. A partir daí, a proposta antiga foi aperfeiçoada, e a formação está de acordo com as novas diretrizes curriculares do Ministério da Educação (MEC)”, disse.

O projeto final do novo curso foi aprovado no Conselho Universitário da USP (Co-USP), em reunião virtual no dia 23 de junho. Segundo Bernucci, participaram do novo estudo pesquisadores do IPEN/CNEN e professores da Poli-USP, do Instituto de Física (IF-USP) e do Instituto de Matemática e Estatística (IME-USP).

A habilitação em Engenharia Nuclear será oferecida já no vestibular de 2021, com dez vagas, sendo 50% para ampla concorrência e 50% de cotas para egressos da rede pública de ensino. Não houve aumento no número de ingressantes na Poli-USP, de 870 alunos/ano.

Almeida comentou que o projeto era um "sonho” também da CNEN. Mencionou que o professor Oscar Augusto, já falecido, foi o "grande mentor” do curso e que a ideia inicial era de que fosse implementado no Centro Industrial Nuclear de Aramar. Em agosto de 2019, com a retomada do diálogo com o IPEN/CNEN e a Poli-USP, a DPD sugeriu a graduação na própria Universidade de São Paulo. 

"Na ocasião, eu questionei: se nós já temos o módulo tecnologia nuclear, em cooperação com a Poli-USP, para a nossa pós-graduação, o que nos impede de ter curso de graduação? Ali foi o embrião de tudo”, disse Almeida. Segundo ele, a partir daquele momento, tudo foi uma "sucessão de êxito”: as reuniões presenciais, as videoconferências, as instâncias de aprovação do IPEN/CNEN e da USP, resultando no que chamou de "louro” com o resultado obtido no Co-USP – 89 votos favoráveis, nenhum contrário e apenas duas abstenções. 

Para o diretor da CNEN, a assinatura é um "momento histórico”, fruto de uma construção conjunta da qual também fazem parte a Marinha do Brasil, o Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena-USP) e o IF-USP.

O novo curso oferecido pela Poli-USP é o segundo de engenharia nuclear no Brasil – o primeiro é da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Almeida destacou que, no passado, o projeto previa custo para sua implementação. "Hoje, cria-se a segunda graduação de engenharia nuclear no país sem custo de instalações, aproveitando os professores do corpo docente sinérgico entre Poli-USP e IPEN/CNEN, e as vagas já existentes nos departamentos”, afirmou Almeida, salientando que "tudo se concretizou em um ano, com muito trabalho, apesar da pandemia da Covid-19”.

 

"Entregar o melhor”– O reitor da USP, Vahan Agopyan, destacou o "momento de alegria” e afirmou que o novo curso é "a consolidação de algo que estava muito latente, mas faltava a realização”. Também agradeceu a todos os participantes do projeto e fez questão de se dirigir ao contra-almirante Borges para dizer do "orgulho” de ter a Marinha como parceira desde 1956. "Foi um casamento que deu certo e está quase comemorando ‘bodas de diamante’”, brincou. Para Agopyan, é o momento de demonstrar para a sociedade que este é um "jogo de ganha-ganha”.

"A Universidade se sente beneficiada, particularmente através da Escola Politécnica, nessa interação com centros de excelência que são o IPEN e a CNEN. E, com isso, tenho certeza que o curso de engenharia nuclear está nascendo já como um curso consolidado, pela experiência que a Escola Politécnica tem nas áreas correlatas, pela experiência que está vindo do IPEN. E no jogo de ganha-ganha, o grande vencedor é a sociedade. Vamos poder oferecer o melhor curso possível aos nossos jovens”, afirmou o reitor da USP.

Agopyan destacou ainda que a parceria proporcionará, em um curto espaço de tempo, profissionais competentes capazes de "administrar e traduzir esses conhecimentos da energia nuclear visando ao benefício de todos”. O reitor salientou que, se existe uma grande concentração de instituições de excelência em oncologia na cidade de São Paulo, "o motivo único e exclusivo é porque o IPEN está instalado aqui”. Encerrou sua participação dizendo que a função das instituições públicas é entregar o que têm de melhor, "e é o que estamos fazendo”.

Wilson Calvo fez um breve retrospecto das conquistas e inovações tecnológicas do IPEN/CNEN, como o domínio do ciclo do combustível nuclear no país, em parceria com a Marinha do Brasil, a Eletronuclear e as Indústrias Nucleares Brasileiras (INB). Também citou o projeto e a construção do Reator Nuclear de Pesquisa IPEN/MB-01 e a expertise do Instituto na fabricação de elementos combustíveis e alvos de urânio para reatores nucleares de pesquisa visando o atendimento à P&D, ao Ensino, aos produtos e serviços tecnológicos e às demandas da medicina nuclear no país.

Destacando o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), Calvo mencionou a aprovação e a execução de projetos de arraste, com equipamentos multiusuários, e a modernização de instalações nucleares financiadas por FAPESP, FINEP, CNPq e Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Também destacou os três mil títulos de "mestre” e "doutor” outorgados, este ano, na Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear, em parceria com a USP. Considerado de excelência, conceito 6 na CAPES, o programa completou 44 anos.

 

"Alinhamento de astros” – Para o superintendente do IPEN/CNEN, o grande diferencial do curso é a quantidade de laboratórios e instalações nucleares à disposição dos alunos para o desenvolvimento de pesquisas e de inovação. A Incubadora de Empresas de Base Tecnológica USP/IPEN-CIETEC foi apontada por Calvo como oportunidade na formação dos alunos oferecendo uma visão empreendedora, com a experiência em empresas que fazem a diferença no atendimento às necessidades na área de saúde.

Calvo disse ainda que a formalização do Acordo é resultado do que ele chamou de "alinhamento de astros”, referindo à Poli/USP, à CNEN e ao IPEN, que trabalharam conjuntamente para a concretização de um projeto que "vai fazer a diferença no país”. Por fim, agradeceu o apoio recebido da DPD/CNEN, saudou todos os parceiros e convidados que participavam da celebração e se disse "orgulhoso” dos pesquisadores e servidores do Instituto, "por sua dedicação e compromisso visando a melhoria da qualidade de vida da população brasileira”.

Regiane Alves Romano, assessora especial do ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, pontuou que, dentre as múltiplas aplicações, os profissionais egressos do curso poderão atuar na produção de radiofármacos, "ajudando a salvar vidas”, além da perspectiva de trabalhar nos cuidados com o meio ambiente, principalmente na área de rejeitos radiativos e de segurança e instalações nucleares imprescindíveis para o desenvolvimento do país.

Representando Pontes, ela destacou a excelência do IPEN/CNEN e da Poli-USP, que "certamente colocarão no mercado os melhores profissionais de engenharia nuclear, de que tanto o Brasil necessita”.

Por fim, o presidente da CNEN, Paulo Roberto Pertusi, salientou "o apoio do MCTI a todas as áreas de trabalho da Comissão e, particularmente, nessa construção junto à USP, que será, sem dúvida, um grande marco para o Brasil”. Em seguida, fez um agradecimento a todos os envolvidos, encerrando a cerimônia. 

Estavam presentes também Sílvio Canuto, pró-reitor de Pesquisa da USP, Paulo Alvim, secretário de Empreendedorismo e Inovação do MCTI, Rogério Borges, contra-almirante da Marinha do Brasil, e Isolda Costa, diretora de Pesquisa, Desenvolvimento e Ensino do IPEN/CNEN.

 

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